🔥Rio: Amorim vira assunto após xingamentos
#14: Vídeos de candidato na PUC-Rio viralizam; mais um Bolsonaro na campanha de Ramagem
A tumultuada visita de Rodrigo Amorim (União Brasil) à PUC-Rio na última segunda-feira (16), entrou na lista dos temas mais comentados da semana com certa folga, dominando conversas tanto em grupos públicos de WhatsApp quanto em redes sociais como Facebook, Instagram, TikTok e X (apesar de a plataforma estar legalmente bloqueada no Brasil desde o mês passado). O candidato foi à universidade para participar de uma série de sabatinas promovidas pela instituição com os postulantes à prefeitura do Rio, mas o que parou nos grupos foi a série de xingamentos que ele proferiu contra estudantes.
Vídeos do momento em que Amorim, ao microfone, insulta alunos da PUC-Rio chamando-os de "vagabundos", "marginais", "socialistas de iPhone" e "maconheiros" viralizaram nas últimas 48h. Essas mesmas gravações também mostram diversos estudantes levantando cadeiras de plástico para o ar (ecoando a agressão vista na campanha eleitoral de São Paulo) e exibindo cartazes que lembravam o episódio no qual Amorim quebrou uma placa de rua que levava o nome da vereadora do PSOL Marielle Franco, assassinada no centro da cidade em 2018.
Além de ter servido para provar, mais uma vez, que as redes sociais e os aplicativos de mensagem se nutrem do caos, a ida de Amorim à PUC-Rio também jogou luz na forma como os usuários das diversas plataformas digitais reagem a situações assim.
Dados da Palver mostram que, só no TikTok, os vídeos feitos na PUC-Rio impactaram mais de 7 milhões de pessoas. A maior parte dos comentários associados à gravação mais viral sobre o assunto nessa plataforma questionava o conceito de "socialista de iPhone" e perguntava se o candidato realmente acreditava que poderia ganhar votos xingando os eleitores.
Nos grupos públicos de WhatsApp, também segundo dados da Palver, as postagens sobre o caso atingiram mais de 2 mil pessoas e buscavam, sobretudo, associar Amorim ao episódio Marielle Franco. Algumas das mensagens mais frequentes repetiam que o candidato do União Brasil tinha "perdido a linha" no evento em questão.
No Instagram, a conversa sobre o polêmico episódio não foi tão anti-Amorim e gerou polarização. Viralizaram na plataforma tanto conteúdos afirmando, por exemplo, que "na PUC, fascista não se cria" quanto publicações elogiando Amorim por ter dito aos estudantes "tudo aquilo que você sempre quis dizer". Até a manhã desta quarta-feira (18), dados públicos extraídos do próprio Instagram mostravam que havia mais posts do primeiro tipo, mas indicavam que as publicações do segundo tipo tinham números equivalentes de engajamento.
Suspenso por ordem do Supremo Tribunal Federal em todo o Brasil, o X teve, por sua vez, um rumo completamente diferente. A conversa travada ali sobre o episódio Amorim-PUC foi em sua imensa maioria favorável ao candidato.
Levantamento feito na plataforma a partir dos Estados Unidos mostra que diversos usuários que ainda falam sobre política carioca nesse espaço digital publicaram textos dando parabéns a Amorim por, por exemplo, expor a "boca de fumo" da PUC-Rio. Outros lamentaram que "filhinhos de papai" quisessem calar o político e questionaram o tipo de "democracia que esses estudantes pregam". Blogs com alinhamento político à direita disseminaram no X links para "notícias" referentes ao episódio, dizendo que Amorim havia sido "censurado ao tentar participar de sabatina na PUC-RJ".
Dias antes da ida à universidade católica, Amorim foi à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e enfrentou resistência similar. Ao chegar ao local, disse que o espaço lembrava uma "cracolândia" e, diante da reação crítica dos alunos da entidade pública, classificou todos na plateia como "lobotomizados". O delírio das redes e apps de mensagem em torno desse dia foi bem menor. Resultado da evidente falta de vídeos mostrando o confronto.
E mais
Seguindo os passos de Carlos e Michelle Bolsonaro, que deram sinais públicos de adesão à campanha do Delegado Ramagem (PL) fazendo postagens em redes sociais e participando de eventos na cidade, agora é a vez do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) defender seu correligionário. Uma mensagem atribuída a ele impactou mais de 3 mil usuários do Telegram na última semana, destacando que o prefeito Eduardo Paes, que tenta se reeleger pelo PSD, seria omisso frente às drogas. A mensagem circula acompanhada de um vídeo oficial da campanha de Ramagem que diz que "escolas municipais estão virando depósitos de drogas". No fim de agosto, a polícia militar do RJ realmente encontrou 820 quilos de drogas em paredes falsas e em vigas do telhado de uma escola do Complexo da Maré.
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Um abraço carinhoso!Cris Tardáguila
Fundadora e repórter da Lupa
p.s: A Lupa segue o Código de Ética da International Fact-Checking Network desde sua criação e tem a transparência e o apartidarismo como principais premissas de trabalho.
Metodologia desta edição
Termos buscados: "Alexandre Ramagem" OR "Cyro Garcia" OR "Carol Sponza" OR sponza OR "Eduardo Paes" OR "Juliete Pantoja" OR "Henrique Simonard" OR Simonard OR "Marcelo Queiroz" OR "Otoni de Paula" OR "Pedro Duarte" OR "Rodrigo Amorim" OR "Tarcísio Motta" OR Paes OR Ramagem OR "rio de janeiro" OR prefeito OR prefeitura OR PUC OR UFRJ OR "Flávio Bolsonaro"
Período: 10 a 17 de setembro de 2024
Recorte geográfico: Brasil
Recorte idioma: português
Plataformas observadas: WhatsApp, Facebook, Instagram, TikTok e X (a partir dos EUA)
Ferramenta de apuração: Palver, Meta Content Library e sistemas de busca avançada no X
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