🔥Rio: Agressão local vira tema Brasil afora
#9: Vídeos e fotos de confronto Amorim-Leonel da Esquerda viralizam; Ramagem na mira da PF
O Rio de Janeiro registrou no domingo (1) o primeiro caso de agressão física da cidade envolvendo candidatos que estão na campanha eleitoral deste ano. Enquanto o Brasil discutia (também de forma ultrapolarizada) o bloqueio judicial do X, pelo menos 30 grupos públicos de WhatsApp e Telegram, espaços que reúnem 27 mil pessoas no total, compartilharam intensamente mensagens, vídeos, áudios e fotos sobre o confronto entre o deputado estadual Rodrigo Amorim, candidato a prefeito pelo União Brasil, e o youtuber Leonel da Esquerda, candidato a vereador pelo PT.
No material que viralizou nos apps de mensagem no domingo (1), está um vídeo de menos de um minuto de duração em que se vê o candidato Esquerda seguindo Amorim com uma câmera e um pequeno microfone em punho.
De forma ostensiva, o petista pergunta ao deputado sobre verbas destinadas à Casa do Consumidor, sobre funcionários fantasmas da Fundação Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos do Rio de Janeiro (Ceperj) e outros temas espinhosos da política local. Amorim, que aparentemente não estava em campanha, responde que "Lula é ladrão e vagabundo", simula armas com os dedos das mãos (aos moldes do que faz o ex-presidente Jair Bolsonaro) e usa expressões de baixo calão para mandar Esquerda se distanciar. O youtuber continua, e o vídeo termina.
Nas imagens que ganharam força nos aplicativos de mensagem – sobretudo pelas mãos da campanha de Esquerda, das contas do PT e dos blogs favoráveis ao partido, o candidato a vereador aparece com o rosto ensanguentado e escoriações no corpo.
Ao longo do domingo, notas de repúdio e solidariedade do PT e do União Brasil vieram à tona e povoaram a conversa sobre a política carioca. Para os petistas, o episódio foi um ato covarde de Amorim e consiste num "ataque à democracia" – prova de que "o fascismo continua vivo no Brasil". Para os apoiadores do deputado estadual, tratou-se de um confronto premeditado por Esquerda. Uma mensagem de texto da assessoria do parlamentar destaca que "há alguns anos [o hoje candidato a vereador] dirige provocações e ofensas contra a honra da família [de Amorim]". O caso foi registrado e está sendo investigado pela Delegacia de Polícia da Tijuca, bairro onde o enfrentamento ocorreu.
Um dos pontos que mais chamam a atenção sobre esse episódio tem a ver com a forma como ele se espalhou pelo país. Usuários de WhatsApp com números registrados em pelo menos dez estados (RJ, SP, GO, MG, PI, RS, AL, BA, RN e SE) se engajaram na conversa, o que mostra como o que ocorre no Rio impacta não só a região, mas Brasil afora, amplificando a polarização entre esquerda e direita. Um perigo indesejável.
Na análise de sentimento feita pela Palver a partir das mensagens que circularam no WhatsApp sobre o episódio, fica claro que nada de positivo sai do confronto. De 50 conteúdos classificados por sistemas de análise de linguagem, 47 foram classificados como "negativos" e três, "neutros".
Dados levantados pela CNN com base nos relatórios do Observatório da Violência Política e Eleitoral da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) mostram que, no primeiro semestre deste ano, o Brasil registrou ao menos 187 episódios de violência contra lideranças políticas. O estado do Rio de Janeiro foi responsável por 18 deles (ou 10%). O episódio mais grave foi o assassinato da pré-candidata a vereadora em Nova Iguaçu Nega Juh e seu filho em junho. Mas o Rio tem história.
Durante a campanha eleitoral para presidente de 2006, uma mulher mordeu e arrancou parte do dedo anelar esquerdo da outra, em meio a uma briga política iniciada num dos bares mais famosos do Leblon. Na campanha de 2022, militantes de PT e PSB trocaram tapas num boteco do Centro da cidade por conta de atritos políticos.
E mais
A notícia dada pelo colunista Lauro Jardim, de O Globo, de que a Polícia Federal (PF) poderá indiciar o ex-presidente Jair Bolsonaro, o general Braga Netto e o candidato a prefeito do Rio Delegado Ramagem (PL) por golpismo viralizou durante o fim de semana em 16 grupos públicos de WhatsApp e Telegram (com 14 mil pessoas no total). Enquanto os militantes da esquerda celebravam a nota sugerindo "fazer o L", em referência ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os apoiadores da direita destacavam que a PF deveria esperar o desfecho das eleições municipais para dar esse passo.
Nas oito horas seguintes à decisão judicial que mandou suspender o X no Brasil, mensagens mencionando o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e o empresário Elon Musk, dono da plataforma, chegaram a pelo menos 2,1 milhões de pessoas via grupos públicos de WhatsApp e Telegram. Dos 67 DDDs existentes no país, 50 (74%) participaram da conversa sobre o banimento do ex-Twitter entre as 16h30 de sexta-feira (30) e 0h30 de sábado (31). Leia a reportagem completa aqui.
A 🔥Ebulição também circula em formato de vídeo, sempre aos fins de semana. Clique aqui e veja o último resumo semanal feito por Nycolle Moraes, assistente de Conteúdo de Audiência e Engajamento da Lupa.
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Um abraço carinhoso!Cris Tardáguila
Fundadora e repórter da Lupa
p.s: A Lupa segue o Código de Ética da International Fact-Checking Network desde sua criação e tem a transparência e o apartidarismo como principais premissas de trabalho.
Metodologia desta edição
Termos buscados: "Alexandre Ramagem" OR "Cyro Garcia" OR "Carol Sponza" OR sponza OR "Eduardo Paes" OR "Juliete Pantoja" OR "Henrique Simonard" OR Simonard OR "Marcelo Queiroz" OR "Otoni de Paula" OR "Pedro Duarte" OR "Rodrigo Amorim" OR "Tarcísio Motta" OR Paes OR Ramagem OR "rio de janeiro" OR prefeito OR prefeitura OR "Leonel da Esquerda" OR espancado OR bolsonaro OR indiciar
Período: 27 de agosto a 2 de setembro de 2024
Recorte geográfico: Brasil
Recorte idioma: português
Plataformas observadas: WhatsApp e Telegram
Ferramenta de apuração: Palver
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