🔥No WhatsApp, dólar já vale R$ 7
Perfil no X espalha falsas declarações de Galípolo e mostra flanco aberto para 'fakes’ da economia
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Boas festas!
Desde o dia 29 de novembro, quando o dólar atingiu a marca de R$ 6 e iniciou uma sequência de recordes históricos — fechando ontem a R$ 6,26 —, a moeda americana é um dos assuntos mais comentados em grupos públicos de WhatsApp no Brasil. Até aí, nada fora do comum: é natural (e até esperado) que o pacote fiscal do governo federal e o futuro das taxas de juros dos Estados Unidos sejam assunto de conversas em todas as plataformas existentes. O que causa preocupação é a onda de conteúdos falsos e alarmistas que fazem referência ao dólar e que surgiu nos apps de mensagem instantânea nesta semana. Se por um lado os boatos e exageros se tornaram ingredientes comuns no universo da política brasileira, na economia, não. Desinformação econômica é um assunto para lá de sério e combatê-la exige velocidade e estratégia.
Vamos aos dados — como sempre, extraídos da Palver.
Desde segunda-feira (16), mais de duas mil mensagens únicas mencionando “dólar”, “cotação” ou “moeda” foram compartilhadas em grupos públicos de WhatsApp do país. Outras 470 circularam pelo app, citando “Banco Central” ou “BC”. E 45 faziam referência a “Gabriel Galípolo” ou “Galípolo”, que tomará posse como presidente da entidade financeira em janeiro de 2025 e foi alvo de notícia falsa na tarde de ontem. No total, em apenas 72 horas, quase 260 mil usuários do WhatsApp podem ter sido impactados por conteúdos referentes à economia. Não é pouco.
Mas o que importa aqui é que é nesse universo que a desinformação está pipocando. E onde o Brasil patina.
Pelo menos 46 mensagens únicas observadas pela 🔥Ebulição para esta newsletter buscavam convencer os brasileiros de que o dólar deve chegar a custar sete reais em pouco tempo. Muitas dessas publicações tem emoticons de sirenes e alertas, trazem polêmicas enquetes (envolvendo também o preço da gasolina) e/ou a palavra “urgente” escrita em letras maiúsculas.
No universo da checagem de fatos, é sabido que, metodologicamente, não é possível checar conteúdos que falam do futuro. Por obviedade, não há bancos de dados ou fontes de conhecimento contra as quais um fact-checker possa contrastar uma frase que fale de algo que ainda nem aconteceu. Não é possível, portanto, etiquetar a teoria do “dólar a sete reais” como falsa ou exagerada.
Mas, com os dois pés no chão, é importante destacar aqui que, para que a divisa americana chegue a valer tudo isso, ainda seria necessária uma alta de cerca de 10% sobre a cotação observada no fechamento dos mercados ontem — e que isso representaria uma elevação tão expressiva quanto a observada ao longo de todo último mês. É coisa à beça.
Portanto, redobre sua atenção nesse quesito. Pânico e economia são termos que jamais deveriam aparecer lado a lado.
Mas, no topo da lista de conteúdos que merecem atenção redobrada, está o caso do perfil no X (ex-Twitter) que publicou uma série de declarações falsamente atribuídas a Galípolo e que conseguiu enganar especialistas de mercado na tarde de ontem. O perfil, que não tinha autor identificado, foi apagado. A Polícia Federal investiga o caso. Mas pelo menos 10 mil pessoas viram esse material no WhatsApp em menos de 24h.
Antes de que o perfil desinformador sumisse do X ontem, contas com mais de 100 mil seguidores compartilharam seu conteúdo, num efeito dominó que pode voltar a acontecer a qualquer momento.
Para além de ter potencialmente contribuído para a real alta do dólar, a ação mostrou que existe um flanco aberto (e bem grande) para a atuação dos desinformadores que pretendem atacar a economia do país. E o pior: não há uma forma de evitar que esse tipo de ameaça se repita. A elite econômica do país precisa debater isso com urgência.
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E mais…
Circula no WhatsApp que, em meio à crise do dólar, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, resolveu sair de férias. A informação, que já pode ter impactado mais de 19 mil usuários do aplicativo da Meta, não está de todo correta. No papel, as férias do petista estão marcadas para começar no dia 2 e ir até o dia 21 de janeiro — ou seja, Haddad segue em Brasília. Além disso, o ministério informou que não haverá descanso efetivo. O ministro continuará trabalhando normalmente nesse período, a partir do escritório de São Paulo.
Nota da autora
A 🔥Ebulição é pensada para atender às suas necessidades. Mande seus comentários e sugestões para cris@lupa.news.Um abraço carinhoso,
Cris Tardáguila
Fundadora e repórter da Lupa
p.s: A Lupa segue o Código de Ética da International Fact-Checking Network desde sua criação e tem a transparência e o apartidarismo como principais premissas de trabalho.
Metodologia desta edição
Metodologia de trabalho utilizada nesta edição
Query 1: dólar OR dolar OR moeda OR cotação
Query 2: (dolar OR dólar OR cotação OR câmbio) AND (7 OR 7,0 OR 7,00 OR sete)
Query 3: bc OR "banco central"
Query 4: galípolo OR galipolo
Query 5: haddad AND férias
Período: 16 a 19 de dezembro de 2024
Recorte idioma: Português
Plataformas observadas: Grupos públicos de WhatsApp e Telegram
Ferramentas de apuração: Palver.com.br
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Obrigada por ler a Ebulição!