🔥Fernanda Torres acima de todos
“Ainda estou aqui”, filme protagonizado pela atriz, é alvo de ameaças de boicote em grupos
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Entre mísseis americanos tendo uso autorizado em território russo, Donald Trump anunciando futuros ministros e o Rio de Janeiro sediando a cúpula do G20, foi a atriz Fernanda Torres quem virou alvo de intensos debates em grupos públicos de WhatsApp e Telegram no Brasil.
Protagonista do filme “Ainda Estou Aqui", principal aposta brasileira para o Oscar, Torres motivou comentários pejorativos em grupos de direita por interpretar na telona a advogada Eunice Paiva, mãe de cinco filhos e mulher do deputado desaparecido na ditadura militar Rubens Paiva.
Uma foto do rosto da atriz com uma mensagem afirmando que ela “já desejou que a população morresse de covid” para supostamente ver o fim do governo de Jair Bolsonaro foi tão compartilhada na última semana que levou a seta dupla de viralização da Meta. Os milhares de brasileiros que espalharam o conteúdo nesse período consideram Torres “uma esquerdista", “eleitora de Lula”. Alguns a chamam de “pilantra", dizendo que ela tem “preconceito contra crentes”, e prometem boicotar seu novo filme.
Mensagens detectadas pela Palver amplificam essa narrativa, postando textos — até mesmo em inglês — com a falsa ideia de que as salas de cinema que exibem o filme dirigido por Walter Salles “estão vazias”. Isso não é verdade. “Ainda Estou Aqui” já foi assistido por mais de 1 milhão de pessoas no Brasil e, em seu primeiro fim de semana de exibição, arrecadou R$ 23 milhões em bilheteria.
Dados da Palver mostram que, entre os dias 13 e 20 de novembro, 42 mensagens únicas citando Fernanda Torres pelo nome circularam por 36 grupos públicos de WhatsApp e Telegram do país, espaços que reúnem mais de 150 mil usuários. A maioria dos ataques à atriz vem de DDDs das regiões Sul e Sudeste.
Entre os que saíram em defesa de Torres e do filme nos grupos públicos de WhatsApp e Telegram, estão aqueles que postaram mensagens ressaltando como “Ainda Estou Aqui” relata “a página mais nefasta da história recente do Brasil com uma lucidez ímpar” e que a protagonista “define o Brasil não só para o estrangeiro, mas também para o brasileiro”. Muitas publicações amplificaram o movimento de “invadir” os perfis em redes sociais da Academia de Cinema dos Estados Unidos para pedir o Oscar para Torres, enquanto outras celebravam a performance da atriz brasileira, listando outros momentos de sua carreira.
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E mais…
O termo “coringa”, recentemente associado a Francisco Wanderley Luiz, o homem que morreu ao explodir bombas na Praça dos Três Poderes, em Brasília, foi citado em pelo menos 108 mensagens únicas que circularam em grupos públicos de WhatsApp e Telegram entre terça e quarta-feira (19 e 20). O número é quase cinco vezes maior do que as 26 mensagens que citam os “kids pretos” no mesmo período. “Kids pretos” é como são chamadas as Forças Especiais do Exército brasileiro, de onde saíram os militares presos pela Polícia Federal na terça-feira (19), suspeitos de tramar o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, do STF.
A referência da cultura pop, no entanto, serve para diferentes propósitos. Uma bet com o mesmo nome usa a oportunidade para se popularizar nos aplicativos de mensagem (a 🔥Ebulição lembra que jogos online são perigosos tanto para o bolso como para a saúde mental). E há também uma paródia de um trecho do filme “Coringa”, no qual o personagem título é interpretado por Joaquín Phoenix, que viralizou e chegou a ganhar seta dupla da Meta. No vídeo, o personagem incorpora o “comunismo” e diz que seu plano de deter a liberdade de expressão dos cidadãos brasileiros é imparável por ter sido criado no Foro de São Paulo. Há quem peça o Oscar para essa montagem.
Nota da autora
A 🔥Ebulição é pensada para atender às suas necessidades. Mande seus comentários e sugestões para cris@lupa.news.Um abraço carinhoso,
Cris Tardáguila
Fundadora e repórter da Lupa
p.s: A Lupa segue o Código de Ética da International Fact-Checking Network desde sua criação e tem a transparência e o apartidarismo como principais premissas de trabalho.
Metodologia desta edição
Query 1: “Fernanda Torres” OR “Ainda Estou Aqui”
Query 2: “kids preto” OR “kid preto”
Query 3: coringa
Período: 13 de novembro a 20 de novembro de 2024
Recorte geográfico: Brasil
Recorte idioma: -
Plataformas observadas: Grupos públicos de WhatsApp e Telegram
Ferramentas de apuração: Palver.com.br
Gosto muito da Ebulição, mas hoje senti falta de uma info.
Sobre isto: Uma foto do rosto da atriz com uma mensagem afirmando que ela “já desejou que a população morresse de covid” para supostamente ver o fim do governo de Jair Bolsonaro foi tão compartilhada na última semana que levou a seta dupla de viralização da Meta. Os milhares de brasileiros que espalharam o conteúdo nesse período consideram Torres “uma esquerdista", “eleitora de Lula”. Alguns a chamam de “pilantra", dizendo que ela tem “preconceito contra crentes”, e prometem boicotar seu novo filme.
É falso ou ela disse essas duas coisas?