🔥EUA: Conspiração mistura Fórmula 1 e voto
#2: VÃdeo de "passeata pró-Trump"' que viraliza em apps vem do Japão (e não do bairro da Liberdade)
Compartilhe este link com quem você acha que deveria ou gostaria de ler a 🔥Ebulição EUA. Estamos a poucos dias da eleição presidencial americana e não desgrudamos o olho do que viraliza nos grupos públicos de WhatsApp e Telegram sobre esse assunto.Â
Ao menos 200 mil usuários de Telegram que falam português receberam nos últimos três dias um vÃdeo que, misturando Fórmula 1 com eleição, tem sido usado para alimentar a narrativa (falsa) de que a disputa pela presidência dos Estados Unidos está sendo ou será fraudada.Â
A gravação tem apenas 13 segundos e mostra um aparelho de televisão que transmite o Grande Prêmio de F-1 do México, realizado no último domingo (27). Num determinado momento, surgem no rodapé da tela, em letras brancas sobre um fundo preto, os "resultados da eleição no estado da Pensilvânia". Neles, a democrata Kamala Harris aparece com 52% dos votos, enquanto o republicano Donald Trump registra 47%.
Tratava-se, no entanto, de um teste – com texto fictÃcio – que o canal WNEP-TV (afiliado à gigante ABC) fazia dos sistemas que vai utilizar na cobertura da apuração dos votos. Em comunicado oficial emitido por conta do episódio, o canal disse que os números exibidos foram "gerados aleatoriamente" e que não deveriam ter aparecido na tela. Mas a narrativa conspiratória ganhou força.
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"Esse foi um dos motivos que Trump perdeu pro Biden", escreveu um usuário do Telegram, em resposta ao vÃdeo. "EUA 2024/Brasil 2022. Deve ser coincidência", acrescentou outro, sugerindo – também sem qualquer prova – que a última eleição presidencial do Brasil teria sido fraudada.
A teoria conspiratória conhecida como "Big Steal" (ou "Grande roubo") defende que as eleições presidenciais dos Estados Unidos em 2020 foram manipuladas para evitar a reeleição do então presidente Donald Trump. Os que defendem ou acreditam no "Big Steal" enxergam (e povoam a internet) com o que consideram ser provas de fraudes eleitorais massivas que vão da suposta manipulação de votos por correio, modalidade de votação prevista pela lei americana, à ação de pessoas já mortas.
Nos últimos quatro anos, auditorias, investigações independentes e até mesmo decisões judiciais desmentiram todas as alegações e as supostas provas de fraude apresentadas, mas a teoria do "Big Steal" ainda assim se prolifera, alimentando a descrença na integridade do sistema eleitoral americano.
Desde o inÃcio do mês, especialistas em monitoramento de redes sociais e na observação de sites indicam que a versão 2024 do "Big Steal" já está sendo testada e que a principal narrativa em expansão envolve não só uma suposta colaboração da mÃdia para omitir verdades, mas também a participação de imigrantes não naturalizados americanos no pleito. Pela lei, apenas cidadãos americanos podem votar nas eleições dos Estados Unidos, o que não é o caso dos imigrantes não naturalizados. Os que acreditam no "Big Steal" afirmam que essa exigência será desrespeitada por instrução de um "estado profundo" que quer Kamala Harris presidente.
E mais…
Mais de 35 mil usuários de Telegram receberam nesta semana uma mensagem (em português) e um vÃdeo de uma suposta passeata pró-Trump no bairro paulistano da Liberdade. A gravação, no entanto, foi feita no Japão, segundo dados públicos disponÃveis no Google.
Por fim, não é verdadeiro que o ex-presidente Jair Bolsonaro aparece num vÃdeo da campanha de Trump. Trata-se de uma montagem que a Lupa e outros fact-checkers do Brasil identificaram em março.
Nota da autora
A 🔥Ebulição passou a cobrir a eleição presidencial americana e, com a ajuda da Palver, conta tudo que é dito sobre os candidatos à presidência e à vice-presidência dos Estados Unidos até o dia em que a Casa Branca tenha novo hóspede.Mande seus comentários para cris@lupa.news. Sou toda ouvidos.
Um abraço carinhoso,
Cris Tardáguila Â
Fundadora e repórter da Lupa
p.s: A Lupa segue o Código de Ética da International Fact-Checking Network desde sua criação e tem a transparência e o apartidarismo como principais premissas de trabalho.
Metodologia desta ediçãoÂ
Termos buscados: kamala OR "kamala harris" OR camala OR cagala OR tamala OR trump OR "donald j. trump" OR "donald Trump" OR vance OR "jd vance" OR "J.D. Vance" OR "Tim Walz" OR walz OR passeata OR liberdade OR formula 1
PerÃodo: 27 a 30 de outubro de 2024
Recorte geográfico: -
Recorte idioma: português
Plataformas observadas: Grupos públicos de WhatsApp e Telegram
Ferramentas de apuração: Palver.com.br e busca reversa do Google