🔥Crise dos Correios vira política no 'zap’
Estatal é assunto para vídeos que viralizam com força nos apps de mensagem
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🗞️ O que está acontecendo?
Em apenas sete dias, mais de 830 mil usuários de WhatsApp e Telegram foram expostos a conteúdos negativos sobre os Correios — a maioria deles em formato de vídeo.
Dados da Palver mostram que 689 postagens únicas sobre o assunto circularam em pelo menos 209 canais abertos nas duas plataformas, atingindo grupos públicos que cobrem todos os estados do Brasil. Trata-se do maior volume já registrado neste ano (veja imagem a seguir), o que levanta suspeitas de uma possível campanha coordenada envolvendo o nome da estatal.

📊 O contexto importa:
Em meio a uma crise financeira agravada, os Correios voltaram ao centro do noticiário no último dia 12 ao anunciar um pacote de medidas drásticas para cortar custos e tentar economizar R$1,5 bilhão até 2025.
Entre as propostas estão a redução de jornada e de salários, suspensão temporária de férias, fim do trabalho remoto e o retorno obrigatório de todos os funcionários aos escritórios até junho de 2025. A estatal também lançou um plano de demissão voluntária (PDV) e passou a incentivar a transferência temporária de agentes postais.
A situação fiscal da empresa é crítica: só em 2024, os Correios reportaram um déficit de 2,6 bilhões de reais — valor bem acima do registrado em anos anteriores. A direção da estatal atribui o rombo principalmente ao aumento das despesas com pessoal e afirma contar com o engajamento dos empregados para superar o momento.
🎥 O que viralizou:
Entre as 689 mensagens únicas sobre os Correios que circularam por WhatsApp e Telegram nos últimos dias, uma narrativa se repete: o prejuízo da estatal é culpa direta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). As postagens associam problemas de gestão e infraestrutura à suposta incapacidade do governo federal de manter o serviço postal em ordem — e, em alguns casos, sugerem até que Lula estaria intencionalmente enfraquecendo a empresa para favorecer interesses da China.
Três vídeos, em especial, ganharam ampla repercussão nos aplicativos de mensagem nesta semana. O primeiro deles, postado originalmente no perfil do deputado federal Ricardo Arruda (PSC-PR) no TikTok, acusa a esquerda (sem apresentar provas) de transformar os Correios em um instrumento de roubo sistemático. Na gravação, Arruda dispara ataques a Lula, ao Supremo Tribunal Federal (STF) e a outros políticos, usando termos como “corrupto”, “canalha” e “incompetente”.
O segundo vídeo viral começa com o jingle da campanha de Lula e um homem fazendo o “L” com os dedos. Em tom irônico, o narrador comenta o comunicado dos Correios pedindo aos funcionários que renunciem às férias e aceitem redução de salário, enquanto denuncia supostos gastos excessivos com patrocínios culturais.
O terceiro vídeo mostra centros de distribuição superlotados, caminhões parados e pacotes acumulados — cenário atribuído a uma greve de transportadores por falta de pagamento. As imagens sugerem que o sistema postal está à beira do colapso.
💬 Por que isso importa?
Os Correios, uma das instituições mais tradicionais do Brasil, enfrentam uma crise real, mas também podem estar sendo usados como peça simbólica em uma campanha mais ampla de desgaste do governo federal.
Vídeos que circulam em massa por WhatsApp e Telegram reativam escândalos antigos e exploram repetições estratégicas de acusações para reforçar uma imagem de decadência, ineficiência e saque da estatal.
Seja por raiva, deboche ou desinformação, o objetivo dos conteúdos é claro: alimentar a percepção de colapso institucional, especialmente entre públicos mais vulneráveis à propaganda digital.
Dados extraídos da Palver ainda apontam indícios de uma atuação coordenada por parte de usuários desses aplicativos de mensagem, com distribuição sistemática de vídeos muito semelhantes em dezenas de grupos públicos abertos em todo o país. Um movimento que merece atenção — e também investigação.
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E mais…
Quase 300 mil usuários de WhatsApp e Telegram leram ontem em seus aplicativos a notícia de que o governo dos EUA avalia sancionar o ministro do STF Alexandre de Moraes com base na Lei Global Magnitsky, que permite punir estrangeiros envolvidos em violações de direitos humanos e corrupção em território americano. Durante uma audiência do Comitê de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados dos EUA, o secretário de Estado, Marco Rubio, confirmou que essa hipótese está sob análise e que há uma "grande possibilidade" de que as sanções sejam implementadas. Em vigor desde 2012, a lei Magnitsky permite o bloqueio de bens nos EUA e pode levar à proibição da entrada de indivíduos considerados culpados de graves violações de direitos humanos no país. Desde que se mudou para os EUA, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) se reúne com parlamentares locais para discutir a situação política do Brasil.
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Metodologia desta edição
Query 1: correios
Query 2: Magnitsky
Período: 14 a 21 de maio de 2025
Recorte idiomas: Português
Plataformas observadas: Grupos públicos de WhatsApp e Telegram
Ferramentas de apuração: Palver.com.br
p.s: A Lupa segue o Código de Ética da International Fact-Checking Network desde sua criação e tem a transparência e o apartidarismo como principais premissas de trabalho.
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