🔥‘Alimento vencido’ é o novo Pix?
Nova narrativa contra Lula alcançou 352 mil pessoas no WhatsApp e Telegram em uma semana
Entender a desinformação que circula em grupos públicos de WhatsApp e Telegram é vital para quem quer compreender e combater esse fenômeno no Brasil. Pensando em facilitar ainda mais sua leitura, trazemos na edição de hoje um novo formato. Bem mais mastigado. O que achou? Escreva para cris@lupa.news.
🗞️ O que está acontecendo?
Após a falsa polêmica sobre a taxação do Pix, uma nova onda de desinformação coloca o governo Lula no centro de um ataque desinformativo: a acusação de que o presidente estaria planejando vender alimentos vencidos para conter a alta dos preços nos supermercados.
A narrativa surgiu após uma entrevista do ministro da Casa Civil, Rui Costa, ser tirada de contexto e vem ganhando força em grupos públicos de WhatsApp e Telegram desde a última quarta-feira (22). Dados da Palver mostram que, entre 22 e 27 de janeiro, mais de 336 mensagens únicas sobre o tema já alcançaram potencialmente 352 mil pessoas em todo o país.
📊 O contexto importa:
É verdade que os preços dos alimentos preocupam. Dados do IPCA-15, divulgados pelo IBGE, mostram altas sucessivas:
Outubro: +0,95%
Novembro: +1,55%
Dezembro: +1,56%
Janeiro: +1,06%
Diante desse cenário, a busca do governo por soluções é esperada. Mas a ideia de vender alimentos vencidos, como sugerem as mensagens que viralizam nos apps, não passa de desinformação.
🚨 O que dizem as checagens?
Verificações feitas por Lupa, UOL Confere e Estadão Verifica já desmontaram a narrativa. É fato que a Casa Civil recebeu uma proposta que sugeria mudanças nos rótulos de alimentos de produtos — vinda de associações de supermercados e da indústria de alimentos — mas já rejeitou a ideia.
Ainda assim, a desinformação prospera com estratégias emocionais. Grupos de WhatsApp e Telegram difundem frases como “Lula avalia” e “Lula vai oficializar a xepa”, acompanhadas de referências à promessa de campanha sobre a volta da picanha ao prato do brasileiro.
🎥 O vídeo que viralizou:
Um dos conteúdos mais compartilhados nos últimos dias traz uma mulher dizendo que Lula quer vender “biscoitos vencidos para os mais pobres” enquanto garante que a elite poderá usufruir de “luxo e hospitais de excelência”. A mensagem apela à emoção e tenta polarizar, contrapondo classes sociais.
🔍 A resposta do governo:
Enquanto isso, a Secretaria de Comunicação parece patinar (mais uma vez) no combate à desinformação. Entre 22 e 27 de janeiro, apenas um vídeo oficial tratando desse tema foi detectado nos mais de 80 mil grupos públicos de WhatsApp e Telegram monitorados pela Palver. Nele, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, usa a metáfora do VAR do futebol para desmentir a narrativa. O problema? O tom é formal e o ministro está de terno e gravata. Falta conexão com o público. Talvez por isso o vídeo só tenha alcançado cerca de 800 pessoas – um número irrisório frente às 352 mil impactadas pela desinformação.
💬 Por que isso importa?
A nova gestão da Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom), sob comando de Sidônio Palmeira, enfrenta um desafio urgente: responder de forma eficaz e rápida às narrativas falsas que se espalham nas redes. Enquanto o governo não agir com mais velocidade, continuará vulnerável ao alcance massivo da desinformação nos aplicativos de mensagens.
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E mais…
O conteúdo mais compartilhado nos grupos públicos de WhatsApp e Telegram sobre a chegada de brasileiros deportados dos Estados Unidos no último fim de semana vem de um vereador de Belo Horizonte. Na gravação intitulada “Saiba a verdade sobre os brasileiros deportados dos EUA”, o vereador Vile (PL) defende o uso de algemas em aviões, alegando que o ambiente confinado, a resistência dos deportados e o número inferior de agentes em relação aos deportados justificariam a medida. Vile é ex-assessor de Bruno Engler, candidato que perdeu a eleição à prefeitura de Belo Horizonte pelo PL no ano passado.
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Nota da autora
A 🔥Ebulição é pensada para atender às suas necessidades. Mande seus comentários e sugestões para cris@lupa.news.Um abraço carinhoso,
Cris Tardáguila
Fundadora e repórter da Lupa
p.s: A Lupa segue o Código de Ética da International Fact-Checking Network desde sua criação e tem a transparência e o apartidarismo como principais premissas de trabalho.
Metodologia desta edição
Query 1: (comida* OR alimento* OR alimenta* OR xepa OR picanha) AND venc*
Período: 22 a 27 de janeiro de 2025
Recorte idioma: Português
Plataformas observadas: Grupos públicos de WhatsApp e Telegram
Ferramentas de apuração: Palver.com.br
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Obrigada por ler a 🔥Ebulição!