🔥Rio: Eleitores em chamas com união de rivais
#8: Apoio de Freixo a Paes divide opiniões; ironias de Marçal miram Ramagem e Carlos Bolsonaro
A política carioca é uma caixinha de surpresas que oferece aos eleitores do Rio de Janeiro a oportunidade de testemunhar episódios inimagináveis com certa frequência. Em menos de dez dias, as redes sociais e aplicativos de mensagem foram sacudidos pela decisão do senador Romário Faria (PL) de apoiar a reeleição do prefeito Eduardo Paes (PSD), deixando de lado seu correligionário Delegado Ramagem (PL). Agora, esses mesmos espaços digitais estão em alvoroço com a surpreendente decisão do ex-deputado federal Marcelo Freixo (PT) de abandonar Tarcísio Motta (PSOL) na corrida pela prefeitura do Rio para também se aliar a Paes, seu arqui-inimigo desde 2012.
Dados do X via Instant Data Scraper mostram que, assim como ocorreu com Romário, o movimento de Freixo dividiu os eleitores.
Entre os que acham que o petista acertou, estão aqueles que acreditam que o Rio de Janeiro precisa de gente pragmática, disposta a derrotar a extrema direita. São eleitores que amplificaram o discurso do ex-deputado de que a "aliança no Rio de Janeiro é pela democracia e contra o crime". O destaque nesse campo foi Alberto Cantalice, membro do Diretório Nacional do PT e diretor da Fundação Perseu Abramo.
Nesse universo, Paes se deu bem. Freixo é considerado "um cabo eleitoral fortíssimo", "um peso pesado" e um arrastador de votos. Há quem diga que só votará pela reeleição do atual prefeito porque Freixo está com ele e quem justifique o movimento impensável do ex-deputado, lembrando que o PT apoia a reeleição de Paes e que, se Freixo não o fizesse, estaria rachando o próprio partido.
Do lado oposto, entre os que pensam que Freixo errou, estão eleitores que aparentam decepção e acusam o ex-deputado de não conseguir "sustentar um discurso coerente". Postagens com frases como "simplesmente não consigo [ver] esses vídeos de Freixo com Paes" e "[Freixo] foi meu primeiro voto para prefeito, em 2012, contra o próprio Eduardo" pipocaram esta semana no X, gerando engajamento. O destaque entre os críticos ficou com a candidata a vereadora Negona do Bolsonaro (PL-RJ). Para ela, a cidade vive um momento de "hipocrisia" e "o medo da direita é tão grande que todos os ratos se unem, mesmos ratos que até outro dia se diziam inimigos".
Dados da Palver mostram que esse segundo grupo foi mais ativo em grupos públicos de WhatsApp e Telegram. Freixo virou "Frouxo", foi acusado de não valer nada e de nunca ter feito algo pelo Rio. A narrativa de que o ex-deputado só está de olho no posto de governador do RJ em 2026 também veio à tona.
Por fim, ganhou destaque nos apps e no X uma foto postada pelo próprio prefeito do Rio no Instagram que traz não só ele e Freixo, mas também outros quatro nomes que dificilmente andariam juntos em outros tempos: o deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ), fiel escudeiro do bolsonarismo, o deputado estadual Luiz Paulo, que hoje é do PSD, mas ficou famoso por suas passagens por PDT, PSDB e Cidadania, a deputada estadual pelo PDT e ex-delegada Martha Rocha, que não conseguiu ser vice de Paes neste ano, e Eduardo Cavaliere (PSD), que deixou a subsecretaria da prefeitura para concorrer ao lado do atual prefeito como seu vice. Para usuários do X, a imagem mostra que Paes é um "mito".
E mais
Reverberou em pelo menos nove grupos públicos de WhatsApp e Telegram (com um total de 10 mil membros) o ataque que o candidato do PRTB à prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal, fez à campanha do Delegado Ramagem (PL) e ao vereador Carlos Bolsonaro (PL), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro. Na sabatina realizada na segunda-feira (26) pela CNN, Marçal disse que Ramagem "está levando um pau" na campanha do Rio. Ironizando Carlos, que vem usando as redes sociais para atacar Marçal na disputa de São Paulo, o candidato se ofereceu para "ajudar no digital" do delegado. Mensagens de WhatsApp sobre o assunto lembram que Carlos foi peça-chave na campanha digital de Jair em 2018 e que, agora, estaria deixando Ramagem ser destruído pela esquerda carioca.
Outras mensagens sugerem que a direita se desorganizou ao focar apenas na disputa paulista e que deixar de lado a campanha do Rio de Janeiro pode ser um erro.
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Nota da autora
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Um abraço carinhoso!Cris Tardáguila
Fundadora e repórter da Lupa
p.s: A Lupa segue o Código de Ética da International Fact-Checking Network desde sua criação e tem a transparência e o apartidarismo como principais premissas de trabalho.
Metodologia desta edição
Termos buscados: "Alexandre Ramagem" OR "Cyro Garcia" OR "Carol Sponza" OR sponza OR "Eduardo Paes" OR "Juliete Pantoja" OR "Henrique Simonard" OR Simonard OR "Marcelo Queiroz" OR "Otoni de Paula" OR "Pedro Duarte" OR "Rodrigo Amorim" OR "Tarcísio Motta" OR Paes OR Ramagem OR "rio de janeiro" OR prefeito OR prefeitura OR “Marcelo Freixo” OR Freixo OR “Carlos Bolsonaro" OR "Marçal"
Período: 20 a 27 de agosto de 2024
Recorte geográfico: Brasil
Recorte idioma: português
Plataformas observadas: WhatsApp, Telegram e X
Ferramentas de apuração: Palver e Instant Data Scrapper
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